sexta-feira, 15 de junho de 2007


"Como nossa percepção de beleza ficou tão distorcida?"

A busca por um ideal de beleza faz parte da vida das pessoas. As mulheres, na maioria das vezes, são mais preocupadas com esta questão e há décadas tentam seguir os padrões que mudam constantemente, pois o conceito de beleza não é algo fixo, imutável. A definição do que se considera belo varia através dos tempos, e são diversos os fatores que contribuem para esse fenômeno: a influência das musas do cinema, a moda, a revolução dos valores e costumes da sociedade, o surgimento do feminismo etc. Até mesmo as duas grandes guerras que a humanidade enfrentou acabaram alterando, cada uma à sua época, o padrão de beleza vigente.
Entre as décadas de 40 e 50, o corpo cheio de curvas das pinups - garotas que posavam para calendários - tornou-se moda, principalmente pelo sucesso de Marilyn Monroe. As formas roliças e generosas que essas moças exibiam foram saldo da Segunda Guerra Mundial (1940-1945): depois dos tempos difíceis, a abundância e a fartura eram o desejo da população, e isso se estendeu também ao corpo das mulheres. Os anos 60 também chegaram trazendo novidades, que logo se estenderam à moda. O crescimento do movimento feminista, que culminou com a queima de sutiãs em praça pública, contribuiu para o sucesso das magrinhas "tipo tábua", como a famosa modelo inglesa Twiggy. Essa tendência foi se intensificando nos anos seguintes, e culminou na década de 80, quando o culto à magreza atingiu seu auge. A mania das aulas de aeróbica nas academias de ginástica e o surgimento da lipoaspiração, em 1982, contribuíram para a moda dos corpos magros.
Mas foi no início da década de 90 que o mundo das passarelas e dos desfiles de moda popularizou-se com força total, devido principalmente à glamourização da vida das top models pela mídia. Com isso, as mulheres passaram a se inspirar nas modelos milionárias como ideal de beleza. E havia lugar para tudo: desde as curvas de Cindy Crawford até o visual anoréxico de Kate Moss. Essa década trouxe ainda outra novidade: as próteses de silicone para os seios, antes consideradas cancerígenas, foram absolvidas após inúmeras pesquisas, e caíram no gosto da mulherada. No Brasil, uma das precursoras dos seios tamanho GG foi Joana Prado, que logo foi seguida por Carla Perez, Daniele Winits, Suzana Alves, Scheila Carvalho e Sheila Mello, entre outras.

O padrão de beleza atual está relacionado às celebridades mais comentadas do momento, como Daniela Cicarelli e Gisele Bündchen, por exemplo, pois as pessoas sempre seguem o padrão estabelecido pela mídia desde que a comunicação de massa passou a ditar efetivamente as "regras" a serem seguidas. Notamos assim, que através dos séculos as mulheres sempre tiveram um ideal de beleza para se inspirar. É natural até mesmo encarar um regime, academia ou mesmo cirurgia plástica para ficar mais próxima a esse ideal. Porém, isso pode ser perigoso se não houver bom senso, pois cada mulher possui uma estrutura corporal diferente e não adianta querer mudar isso.
Altas, esbeltas e jovens, as modelos representam ideais de beleza inalcançáveis para a maioria das mulheres. Elas são consideradas símbolos da beleza feminina pelas mais importantes publicações de moda do mundo. È comum abrir as páginas da revista Vogue, por exemplo, e se deparar com beldades de 1,80m de altura e ínfimos 50kg – um padrão impensável para as leitoras. Além disso, a magreza das modelos está presente também no cinema, na televisão, nos outdoors e em quase todos os lugares. Ainda assim, a maioria delas não está satisfeita com o próprio corpo. Uma pesquisa sobre auto-imagem realizada com 140 modelos acima de 18 anos, no final de 2003 e início de 2004, mostrou que a insatisfação corporal atinge 100% das entrevistadas.

Essa busca incessante por uma magreza absurda, além de outros fatores, como traços da personalidade, acabam levando a pessoa a adquirir doenças de cunho psicológico, como a anorexia e a bulimia, distúrbios alimentares que têm , nos últimos anos, dado o que falar entre a comunidade médica, imprensa e sociedade em geral, que há mais de um século sofre com esse mal. A anorexia e a bulimia foram amplamente divulgadas quando, há cerca de vinte anos, a falecida Lady Di, então princesa de Gales, começou a apresentar de uma hora para a outra, uma magreza impressionante, que chamou a atenção para o que poderia estar provocando aquele aspecto doentio na princesa. Desde então, o mundo vem discutindo como vencer esse problema, que já fez milhares de vítimas, a maioria jovens meninas que sonham em ser uma Gisele Bündchen. No Brasil, estima-se que, para cada dez casos de anorexia, há uma vítima fatal.

Algumas campanhas já estão sendo realizadas pelo mundo inteiro para tentar minimizar o número de possíveis vítimas de anorexia. Um grande evento madrilense de moda, a passarela Cibeles, em sua última edição, surpreendeu a todos ao excluir as modelos magras demais por insultar à anorexia. Essa iniciativa foi criticada pelos profissionais do setor, mas aplaudida pelos médicos que vêem nela uma forma de combate aos distúrbios alimentares. Para a seleção das modelos, foi feito o cálculo do IMC ( índice de massa corporal - relação entre peso e altura) de cada uma delas. As que obtiveram o resultado inferior a 18, limite abaixo do qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que uma mulher não goza de boa saúde, foram desaprovadas. Autoridades ligadas à área de saúde, por diversas vezes, tentaram impedira a veiculação de campanhas publicitárias com mulheres muito magras nos veículos de comunicação, alegando que esse tipo de propaganda é nociva à sociedade, na medida em que, ao perceber qual o padrão de beleza exigido pela mídia, muitas mulheres começam a busca por um corpo que, para elas, é impossível de atingir, devido a vários fatores como massa corpórea, estrutura óssea, entre outros.

Campanhas para a valorização dos diversos tipos de beleza, e não de um modelo físico padrão, também estão sendo veiculadas. A Dove, grande marca de cosméticos, já fez anúncios com fotos de moças gordinhas para vender creme contra a flacidez , já que "deixar mais firme o corpo tamanho 34 de uma supermodelo não é nenhum desafio", como dizia o slogan, e propaganda de TV com mulheres na praia, com curvas completamente diferentes, cicatrizes e marcas na pele. Agora, a empresa produziu um vídeo que mostra uma moça comum se transformar – depois de quilos de maquiagem, cabeleireiro e photoshop - numa dessas beldades perfeitas que vemos nas fotos de propagandas de xampú, hidratante, batom e perfume. Ao olhar a protagonista do vídeo, fica claro como o padrão que tanto faz sofrer a maioria das mulheres pode ser pura invenção. A moça que estrela o vídeo da "transformação" seria considerada bonita em qualquer lugar fora de um estúdio fotográfico ou passarela. Mas não é páreo para a sua versão "top model". Simplesmente porque essa versão não existe, foi construída por computador, laquê e muita maquiagem. "Toda garota merece sentir-se bonita do jeito que ela é", diz a mensagem no final da propaganda, numa tentativa de reverter um pouco os males da lavagem cerebral feita por anos e anos pela publicidade.
Portanto, por todos esses motivos descritos ao longo desse texto, é que precisamos reconhecer e aceitar o nosso corpo e a nós mesmas da maneira que somos, com nossos defeitos e qualidades, e não passar a vida inteira almejando por algo inalcançável, e que, de uma forma ou de outra, é pura ilusão, pois como diz Tommaso, psicólogo e psicoterapeuta que já atendeu mais de mil modelos, "Não adianta todo mundo querer ser como a Gisele Bündchen, ela é uma exceção". E, afinal, a única coisa que conta é a 'embalagem'? Será que o conteúdo e a essência não são mais importantes?

Assista ao video da campanha Dove pela Real Beleza



Por Kika Novaes - Designer de Moda e Stylist

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Colorismo - A teoria das estações







A maquiagem pode ser a arma de muitas mulheres para disfarçar algumas imperfeições da pele ou até mesmo para levantar o aspecto cansado de um dia de trabalho e esticar até a balada. Mas, o que algumas delas não sabe é que a escolha de cores erradas para montar o make up pode causar o efeito contrário.
A última novidade para os estudiosos da moda é a técnica do Colorismo, harmonizando o tom da pele com a maquiagem e até com a roupa.
Tudo começou com um pintor suíço chamado Johannes Itten, no início do século 20. O artista e professor da Bauhaus, foi o criador do sistema de cor Color Star. Ele descobriu que havia uma relação entre as cores que seus alunos usavam e a cor da pele. Ele percebeu que cada aluno pintava com uma determinada cor mais do que outra e que essa cor se assemelhava à cor da sua pele. Por exemplo, quem pintava com cores quentes, tinha um tom de pele quente.
Isso levou Robert Dorr a criar o Color Key System, que revolucionou a indústria de cosméticos, por classificar as peles em quentes ou frias. Suzanne Caygill fez a mais profunda pesquisa de cores de pele, identificando 32 tipos, nos anos 40 e criou a Suzanne Caygill Academy of Color e escreveu Color: The Essence of You (Celestial Arts, Millbrae USA,1980), infelizmente fora de catálogo. Para simplificar o uso da cor e identificar o tipo de pele, desde então as peles estão classificadas em quatro "estações": primavera, verão, outono e inverno, como o livro de Berenice Kentner, Color Me A Season explica.
Todas as pessoas possuem uma harmonia natural, e cada grupo de cores realça as tonalidades do seu conjunto pessoal: pele, cabelo, olhos e boca. Cada grupo é subdividido em duas estações, que determinam se os tons vêm mais fortes ou mais delicados. Inverno e Verão pertencem à harmonia prateada, e Outono e Primavera, à dourada. Saber em qual grupo você se encaixa permite escolher as peças de roupa e de make-up que te deixarão mais jovem e com ar mais saudável.
Existem indicativos pelo biotipo e estilo da pessoa, mas só um teste comparativo das cores é que vai ser definitivo para a descoberta da cartela de cores natural de cada um.
Não é que você vai trocar de guarda-roupa de uma hora para outra, mas isso explica porque a gente às vezes olha no espelho e se sente abatida, o fato de não conseguimos usar determinadas cores, que nunca ficam bem.
De acordo com o colorismo, o ideal é deixar as cores mais harmônicas aos seus tons de pele mais próximas à face, em blusas, maquiagem e acessórios.

O Teste
- Tem que ser feito a luz natural do dia, pois a iluminação ambiente possui coloração artificial que pode interferir na análise;
- Utilizando tecidos dos quatro tipos de estação, é feito o teste comparativo junto ao rosto;- Cabelo tingidos devem ficar presos para que nao interfiram na análise;
- O teste deve ser feito sem maquiagem;- Alguns dos indicativos são: se os olhos parecem mais brilhantes ou fundos, se as olheiras são realçadas ou disfarçadas, se a cor da boca e das bochechas é valorizada ou empalidecida. O tom que deixar o seu rosto mais bonito e vivo revela a sua harmonia.

As Estações

Inverno
As pessoas de inverno se harmonizam com as tonalidades frias, isto é, ficam muito bem com os tons prateados e brancos.
As principais características:
- ficam bem de tons profundos e vibrantes;
- o uso das cores primárias;
- possuem visual mais urbano / esportivo;
- preferem os cortes simples e retos nas roupas.

Primavera
As pessoas de primavera são quentes e vibrantes. Ficam bem com os tons iluminados como o dourado, além das cores fortes como os laranjas e verdes.
As principais características:
- ficam bem de tons claros e vibrantes;
- gostam de valorizar detalhes no visual;
- ficam bem com ouro e dourados;
- valorizam o uso de acessórios e contrastes.

Outono
As pessoas de outono também são quentes, e ficam muito bem com os tons dourados e terrosos.
As principais características:
- ficam bem com tons dourados, amarelados e vermelho-terra;
- usam tons quentes, profundos e perolados;
- ficam bem com os azuis esverdeados;
- preferem tecidos naturais.

Verão
As pessoas desta estação se harmonizam com tonalidades frias, isto é, ficam bem com os tons prateados e brancos.
As principais características:
- ficam bem com os tons suaves;
- têm preferência pelo look romântico;
- gostam de rendas, transparências, bordados e pregas;
- têm resistência ao uso de cores muito fortes.

Obs: Apenas essas características, no entanto, podem não definir a sua cartela natural, pois há outras coisas que interferem no modo como as pessoas vêem as cores e o efeito que elas causam, seja por questões religiosas, culturais ou motivos particulares, psicológicos. Somente o teste de colorismo é definitivo.


Por Cláudia Bettini - jornalista e design de moda, fez o curso sobre a técnica de Colorismo na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Entrelinhas

Bem vindo a entrelinhas!


Produtora Pano pra Manga